Granero abriu o placar da partida numa bobeada da zaga adversária. Mas foi no segundo gol dos merengues que surgiu o grande momento: 39min, contra-ataque do Real Madrid, Kaká toca para Guti. Naquele momento, se esperava que fosse invadir a área e chutar para o gol, como a grande maioria. Invadiu a área, mas quando todos pensaram que iria chutar, deu de calcanhar e deixou Benzema livre para empurrar para as redes.
O grito que estava preso desde o início de sua carreira.''Eu vi Benzema chegando pelo canto do olho'', disse Guti. ''Como ele fez isso?'', perguntou o goleiro Aranzubia. Ninguém imaginou que naquele momento aconteceria aquilo. Uma tacada de gênio, que deixou toda a equipe adversária com um ponto de interrogação na testa. Nem Benzema esperava por aquilo, mas teve a bola nos seus pés para marcar.
Guti guiou a equipe. A melhor versão de Guti reapareceu no Riazor. O ''grande jogador de pouca cabeça'', como é conhecido, teve outro lapso de gênio na carreira. Quantos jogadores no mundo tiveram tantos lapsos de gênio como Guti durante suas carreiras? Isto mostra que ele não é um jogador comum, pelo contrário, é um craque, que infelizmente sofreu pelas irregularidades e picos altos e baixos na carreira. No pico baixo, é nervoso, prejudica; No pico alto, é craque, é genial. É um jogador imprevisível, ao qual nunca sabemos qual versão entrará em campo no dia seguinte. Mas sabemos que com Guti foi e será assim.
Amado e odiado por muitos, Guti segue os seus passos finais no Real Madrid. Após momentos conturbados com Pellegrini, voltou a ser titular e utilizar a faixa de capitão da equipe. Quando joga Raúl, o mesmo entrega a faixa a Guti ao deixar o campo. Guti comanda um meio que Kaká ainda não foi capaz de fazer em Madrid. Sabemos que no dia seguinte Guti pode jogar tudo pelos ares de novo e bagunçar mais uma vez o lugar, mas podemos ter a sorte da moeda cair de novo e de novo do lado certo, para quem sabe assim Guti possa fechar a carreira com chave de ouro, uma carreira que despertou amor e ódio.
Continuando na partida contra o Deportivo, Benzema fechou o marcador no final do segundo tempo (1-3). Uma vitória que quebrou um tabu de 18 anos. No momento do terceiro gol, Guti que nem estava perto do lance se ajoelhou no campo e gritou (vide foto acima). Um grito de alívio, com a emoção de saber que após uma carreira toda sem vencer naquele estádio, finalmente tinha conquistado uma vitória no tão temido campo.
O nome do jogo, um dos responsáveis pelo fim de um tabu que assombrou por muitas gerações a equipe madridista. A jogada do segundo gol será lembrada por décadas, concerteza. Este momento será lembrado para sempre. O fim de um tabu com a assistência do ano. Raúl, Casillas e Guti puderam, enfim, comemorar uma vitória no Riazor.
Esta assistência genial de calcanhar, porém, não foi a única na carreira de Guti. Mantendo o padrão, podemos nos lembrar da temporada 2005/2006, na 19° rodada da La Liga, quando o Real Madrid enfrentou o Sevilla no Bernabéu. Corria o minuto 59, quando Guti deixou todos impressionados com uma assistência genial na entrada da área, que foi recebido por nada mais que Zinedine Zidane. O maestro marcou e o estádio se levantou. Metade saia para abraçar Zizou pelo gol; Metade para abraçar Guti pelo belo passe. No fim, o Real Madrid venceu por 4 a 2. Mas este foi o lance da partida e a assistência do ano.
As duas assistências geniais de Guti.
Vale lembrar, por fim, que jogadores como Zinedine Zidane e Ronaldo Nazário, ao serem questionados sobre quem foi o melhor jogador com quem jogaram juntos no sentido de servir bolas e lançá-los, a resposta é a mesma até hoje: ''Guti''. A assistência da temporada 2005/2006 no Bernabéu e a deste ano no Riazor estão aí para todos verem.
Obrigado Guti por nos deixar mais esta obra de arte.
Jogadores Históricos: José María Gutiérrez Hernández.
