Após se
apresentar no Real Madrid, o atacante togolês Emmanuel Adebayor foi entrevistado por José Ramón de la Morena nos microfones do “El Larguero”; confira a tradução com exclusividade aqui no Blog do Madridista:
Adebayor sendo entrevistado.
Com qual número vai jogar?
No momento não sei. Mas não me interessa muito. Estou para jogar futebol e o que eu quero é fazê-lo com o Real Madrid.
Nota: Adebayor vai jogar com a camisa n° 6, que era de Diarra.
Deram-te trabalho na entrevista coletiva?
Não. Foram perguntas normais para um jogador.
E como foi a conversa com Mourinho?
Muito boa. Era a nossa primeira conversa e foi positiva. O que me importa é que vou jogar no melhor clube do mundo e espero que a torcida e os dirigentes fiquem satisfeitos.
Você treinou um pouco hoje, certo?
Sim, foi tudo bem. Um bom treinamento.
Nota: Adebayor treinou com o Real Madrid Castilla antes de ser apresentado oficialmente.
Você já conhecia alguns de seus novos companheiros?
Tive a oportunidade de conhecer Cristiano Ronaldo quando ele estava no Manchester e eu no Arsenal. Também com Lass, no Arsenal. E pude jogar contra outros como Xabi Alonso e Dudek. A todos eu pude ver esta manhã.
Mourinho já disse o que quer de você?
Ainda não. Como jogador, cumprirei o que me pedirem. Sou atacante, por isto vão querer que eu marque gols e dê passes decisivos. Mas de momento não entrei em detalhes com o treinador.
Conhecia Benzema na sua época de Mônaco?
Não. Naquela época ele jogava nas categorias de base. A sua explosão como jogador chegou quando eu estava no Arsenal. Agora atravessa um momento mais difícil, mas tenho certeza que se sairá muito bem.
(Adebayor comentou sobre o gol de Benzema contra o Sevilla)
Foi um gol extraordinário. Não me estranhou, pois é um jogador com muito talento e qualidade. É capaz de marcar gols assombrosos.
Por que não jogava ultimamente no Manchester City?
É difícil de explicar, mas cada treinador tem a sua forma de ver as coisas. Nossa visão de jogo não coincidia, mas eu fiz tudo o que eu pude em cada momento. Desejo muita sorte para ele.
Você se despedirá deles?
Claro. Eu tinha uma boa relação com todos e farei o possível para me despedir deles amanhã. Para mim são como irmãos, se não der tempo para me despedir nos vestiários, então passarei pelas suas casas.
Nota: Após a entrevista, Adebayor voltou para Manchester para passar a noite e se despedir dos amigos pela manhã.
(Sobre os objetivos)
O primeiro era vir para o Real Madrid; já se cumpriu. O segundo é ganhar títulos.
Já está preparado para jogar?
Faz tempo que não jogo uma partida inteira, um mês ou dois. Mas acredito que estou preparado e farei o possível para estar com o grupo este fim de semana.
(Sobre a fama de ser considerado polêmico na Inglaterra)
Bom, talvez seja verdade. Mas o importante para mim é ganhar títulos. Em uma equipe, assim como em qualquer família, as personalidades são diferentes. Cada um é como é. As emoções, às vezes, vão além de outras e me deixo levar. Mas tenho claro que estou para ganhar e é o que farei.
(Perguntado se mudou e se está mais moderado atualmente)
Estou muito tranqüilo. Tive uma filha faz pouco tempo e isso me mudou muito. Além disto, em janeiro do ano passado eu sofri um ataque terrorista e quase perdi a vida. Isto também ajudou a mudar.
Nota: Saiba mais sobre este ocorrido na postagem Adebayor, o ‘9’ do Real Madrid.
É verdade que você era uma criança que quase não podia andar?
É uma história emocionante. Cada vez que me recordo me cai uma lágrima. Minha mãe me contou que quase não podia andar e me levaram aos países vizinhos de Togo para buscar solução. Fiquei uma semana rezando em uma igreja de Accra e não voltei a andar naqueles dias.
Eu li que te jogaram uma bola e ao chegar perto você se levantou e saiu correndo atrás dela.
Exato. Estava esperando na igreja e tinha pessoas jogando futebol. Me levantei para pegar a bola.
Foi um milagre?
Podemos dizer que sim. Eu não comecei a andar até os quatro anos, quando o normal é começar com um ou dois anos de idade. Mas depois fiz uma boa ‘corrida’ no mundo do futebol. Agora, graças a Deus, me dedico a isso, que é o que eu gosto.
Chegou a estudar no colégio?
Como muitos africanos, não fui muito ao colégio. Jogava futebol e ia para a escola, mas eu gostava mais de esporte.
Seus pais e irmãos moram em Togo?
Meu pai faleceu há quase seis anos, mas minha mãe está em Togo. Ela veio me visitar várias vezes quando eu estava no Arsenal. A Manchester não pôde ir, mas espero que possa me ver em Madrid. Meus irmãos também estão em Togo.
Como é Togo?
É um pequeno país da África ocidental, com cinco ou seis milhões de habitantes, costeiro e muito bonito. Está em construção, não é um país rico, mas o presidente faz muitos esforços.
Conhecia Madrid?
Não.
E o Santiago Bernabéu?
Pude jogar lá em 2005 quando eu estava no Mônaco. Era muito jovem, acabava de assinar contrato e era contra a grande equipe de Figo, Zidane, Beckham, Guti...
Com quem vai viver em Madrid?
Minha mulher e minha filha (de dois meses) vão ficar na Inglaterra uns meses porque sempre é difícil deixar uma cidade e uma casa. Mas elas acabarão vivendo comigo para ver todas as minhas partidas.
Está convencido de que ficará em Madrid?
Convencido eu não posso dizer. Estou aqui por empréstimo para seis meses, com opção de compra. Espero que eu goste e que eles gostem de mim. Quero passar muitos anos, é meu sonho. E formar parte da história do clube.
Sabe onde fica Pamplona? Jogam contra o Osasuna no domingo.
Não faço nem idéia. Mas me disseram que será difícil ganhar ali. Espero jogar.
Para conferir a entrevista na íntegra, visite o
El Larguero.